Nos próximos capítulos de Êta Mundo Melhor!, a personagem Anabela (Isabelly Carvalho) será oficialmente diagnosticada com labirintite, uma inflamação no ouvido interno que compromete o equilíbrio e provoca tontura, vertigem, zumbido e risco de quedas.

Mas que quase ninguém sabe é que o termo “labirintite” apesar de ser popular é usado muitas vezes equivocadamente, pois essa doença é extremamente rara.
Segundo Dr. Saulo Nader, especialista em tontura, desequilíbrios e vertigens, há mais de 40 doenças diferentes que provocam sintomas como tontura e vertigem, mas, culturalmente, todas acabam sendo enquadradas como “labirintite”.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 35% da população mundial terá pelo menos um episódio importante de tontura ao longo da vida, sendo que mulheres entre 20 e 60 anos são as mais afetadas. No Brasil, estima-se que 20% das idas ao pronto-socorro estejam relacionadas a queixas de vertigem, desequilíbrio ou sensação de desmaio.
Para o neurologista Saulo Nardy Nader, conhecido nas redes como Doutor Tontura, a banalização desse sintoma é um risco.
Nem tudo é “labirintite”
“A tontura pode ser o primeiro sinal de algo muito mais sério: um AVC, uma crise de ansiedade, uma arritmia cardíaca, ou até um tumor cerebral. Ela não deve ser ignorada ou tratada com automedicação”, alerta o especialista.
· VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna) – quando cristais no ouvido interno se soltam e provocam vertigem ao mudar de posição.
· Enxaqueca vestibular – forma de enxaqueca que gera tontura intensa mesmo sem dor de cabeça.
· Distúrbios da tireoide, menopausa e anemia.
· Hipoglicemia, principalmente em mulheres jovens ou em dietas restritivas.
· Transtornos emocionais, como ansiedade e depressão.
· Problemas cardíacos, como arritmias ou queda de pressão.
· E até tumores ou AVCs silenciosos.
“Já tive pacientes que chegaram com diagnóstico de labirintite e, após investigação, descobrimos que o problema era outro, mais grave ou completamente diferente. Por isso, insistimos em não ‘rotular’ a tontura sem investigar”, explica o neurologista.
Quando a tontura é um sinal de alerta?
De acordo com o Dr. Saulo, é preciso atenção redobrada se a tontura vier acompanhada de:
· Fraqueza em um lado do corpo;
· Dificuldade na fala;
· Visão dupla;
· Perda de força muscular;
· Desequilíbrio ao andar;
· Zumbido ou perda auditiva súbita.
Nesses casos, a recomendação é buscar atendimento médico imediatamente, pois pode se tratar de um AVC ou outro distúrbio neurológico.
Diagnóstico e tratamento
O primeiro passo para investigar a causa da tontura é passar por uma avaliação clínica detalhada. Dependendo dos sintomas, podem ser solicitados exames neurológicos, cardiológicos, auditivos e até psicológicos.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, o tratamento é eficaz. Pode incluir desde manobras de reposicionamento (no caso da VPPB) até controle da ansiedade, reposição hormonal, ajustes na alimentação ou uso de medicamentos específicos.
“A tontura tem tratamento. Mas para tratar, é preciso antes entender de onde ela vem”, reforça Dr. Saulo.
Fique atento (a):
· Tontura não é normal e nem “coisa da idade”;
· Pode ser sintoma de algo grave.
· Precisa de avaliação médica especializada.
Dr. Saulo Nader é neurologista e Expert em tontura, vertigem e distúrbios do equilíbrio pela USP. É Membro da exclusiva Sociedade Internacional que normativa tudo sobre tontura, a Bárány Society, e já comandou o Departamento Científico de Tontura da Academia Brasileira de Neurologia.
Com mais de 2 MI de seguidores, o especialista é criador do perfil no Instagram @doutortontura e do canal do Youtube Neurologia e Psiquiatria, onde desmistifica esses temas com linguagem fácil e acessível.
Mais informações: https://neurologiaepsiquiatria.com.br/
