Elas foram o primeiro grupo musical brasileiro formado apenas por mulheres negras. Inspiradas no famoso The Supremes, que lançou Diana Ross, Mary Wilson e Florence Ballard ao estrelato mundial nos anos 60, As Sublimes debutaram, em 1993, com classe e estilo no cenário nacional com o hit “Boneca de Fogo”, composto por Fred Nascimento e Fausto Fawcett, que dominando as paradas de momento e os principais programas com atrações musicais da televisão.
A formação original, que contava com a atriz e cantora Lilian Valeska, a cantora e modelo internacional Karla Prietto e a recém lançada atriz Isabel Fillardis (a Ritinha da novela “Renascer”, Rede Globo) já havia aparecido no Hollywood Rock, em janeiro do mesmo ano, cantando “Dancing in the Street”, do trio Martha & The Vandellas, ao lado de Frejat, chamando atenção por sua beleza, simpatia e harmonia vocal.
As moças tiveram todo um aparato que existe para poucos. Foram lançadas pela Sony Music, tiveram kit de lançamento junto à Nestlé, que vinha em uma lata personalizada, contendo uma fita VHS de release do trio, um cd, uma camisa e uns bombons com o logo do grupo. Tudo com tom de cobre, assim como era a capa do álbum, que foi lançado em dois encartes diferentes (versão livreto e versão poster), fita cassete de áudio e o LP, que continha duas músicas a menos do que as outras mídias. Para completar, o videoclipe de “Boneca de Fogo” foi lançado em horário nobre, no programa dominical “Fantástico”, também da Rede Globo.
Rapidamente As Sublimes tomaram conta dos principais noticiários, se tornando referência para as meninas negras da época e, claro, tiveram que lidar com o machismo e o racismo por serem pioneiras no molde de girl group de black music.
Elas ainda emplacavam, nos anos seguintes, as músicas “Tyson Free”, “Menina Mulher da Pele Preta”, ‘Stop” e “A Última Ilusão”. Essa última já após a saída de Isabel Fillardis por dificuldades de conciliar sua agenda de atriz e modelo com os shows do trio em excursão.
Iniciaram a busca por sua substituta, que levou cerca de um ano para surgir. A escolhida, dona de um vozeirão, foi a experiente Flávia Santana, que embora com menos idade, apresentava segurança vocal. Ao lado de Lilian e Karla, Flávia lançou o segundo álbum do trio, produzido nos Estados Unidos, tendo a participação da Supreme original Mary Wilson, na faixa “Eu queria um amor”, uma versão das próprias cantoras para “My cherie amour” do legendário Stevie Wonder. Emplacaram ainda outros singles como “Só pra ser” e o single “Posso te amar” nas rádios.
Em 2012, a RH Soluções Artísticas, empresa detentora da marca registrada do trio, de propriedade do ator Rodrigo Hallvys, fã declarado do grupo, promoveu um reecontro de todas as cantoras e, a partir de tal momento, elas passaram a se revezar em shows esporádicos desde 2014.
Em janeiro de 2023 a formação original apareceu com toda pompa e glamour no palco do Ilê Ayê, na Bahia, agitando a plateia, que voltou a suspeitar de um retorno do trio.
Retornando ou não, As Sublimes continuam como referência trinta anos após o lançamento de seu primeiro trabalho e seguem sendo chamadas de as “Rainhas da Black Music no Brasil”.
Marcaram espaço. E deixam saudade.
